Na casa, as paredes revestidas
Com os quadros que carregam
As provas da vida perfeita que ela levava.
Objetos, dispersos por tantos cômodos.
Bilhetes espalhados por cada canto.
Nos lençóis da cama, as marcas
Do carinho compartilhado;
Nos estofados, todas as tardes chuvosas,
As noites escuras, os segredos... Os sorrisos.
Na vitrola, rodava a melodia
Dócil, cuja sinfonia fora sempre
A trilha sonora dos melhores
Momentos.
Na mente, ah! Neste lugar!
Onde ela pensa, relembra, revive tudo -
Como se não se cansasse.
E nutre a ideia – mesmo que ingênua,
De que ele tornará a girar as chaves
Na fechadura e trará consigo
Todas as noites o sentido
De sua vida – agora – metódica.
Luta, relutante, insistente
Para esquecer a ideia – a verdade –
De que ele – agora – se fora para sempre.
Não voltará.
Ele não voltará nunca mais.

Nenhum comentário:
Postar um comentário