O começo de tudo.
No início... Bem no início de minha caminhada, me fora apresentada uma tal de leitura. Me enrolei em seus sentidos, e debruçada diante de todas as brilhantes maravilhas que me proporcionava, eu me mantive. Quando senti, longinquamente o consciente exigir mais, me ergui e me pus a desbravar um mundo de curiosidades. Tropecei em uma técnica de expressão chamada escrita. Desde então, passei a aderi-la.
Foi quando decidi, obstinadamente, que esta deveria ser o meu refúgio particular. E de lá para cá, confesso, venho realizando descobertas inimagináveis. A prática contínua da escrita, me fez adentrar e conhecer mundos dos mais variados tipos que existem. Só então percebi que não se pode limitar a imaginação. É tudo muito maior do que se parece. E abusando disto que chamo de dom, cheguei à seguinte conclusão: Ler, não é somente adquirir conhecimento; Escrever, é mais do que dar rumo ou designar acontecimentos, é possuir o controle do mundo e ter o poder de fazer deste, o que quiser.
quinta-feira, 14 de junho de 2012
A sobra do que restou
E então eu saí. Peguei tudo o que eu ainda tinha. E tudo o que tinha era parte do que sobrou da esperança que eu mantinha. Mas o meu erro, veja, foi pensar que ao fechar aquela porta, você viria atrás de mim. Acreditei que todos os sorrisos, as juras de amor, promessa de uma vida feliz, sonhos multiplicados e desejos realizados fossem sinônimo de amor garantido. Que estupidez a minha, não?
terça-feira, 12 de junho de 2012
E então a hora da despedida chegou...
Era tarde nublada. A avenida principal estava coberta pela impaciência dos pedestres apressados.
Para onde eu ia? Não sei dizer.
Ficar parada, completamente refestelada frente a estação ferroviária certamente me parecia uma ótima ideia. Ainda assim, eu tinha a opção de correr, desesperar-me no meio daquela multidão desgovernada que rumava... quase sem rumo pelas ruas sinuosas.
Mas... naquele momento, exatamente naquele momento, eu não queria fazer o mesmo. E eu devaneava enquanto me fazia observar tudo e a todos. Quantas pessoas... e cores... e carros!... Os edifícios começavam a acender suas luzes. Os faróis dos automóveis, os semáforos...outdoors. Tanto brilho! Tudo muito cheio de vivacidade.
Pelas calçadas... os senhores da rudeza; os jovens despreocupados... inconstantes... ora desalentados. Ao meu lado - bem no canto da esquerda -, uma cabine telefônica cujos vidros encontravam-se inteiramente rabiscados; À minha direita, mais a frente, um ponto de táxi bem miúdo. E sob uma banqueta velha, um senhor a me observar. Longinquamente retraído, aparentemente solitário. Não muito diferente de mim.
O que eu fazia ali? Não sei. O que exatamente eu via ali? Não sei. O que eu procurava ali? De novo: não sei.
Não sabia, mas me tornei uma deles. Uma pobre coitada, sem rumo... e naquele momento, sem nada além de um maço de cigarro quase vazio no bolso do jeans apertado que vestia.
Eu também estava vazia. Mas quem iria saber?
Tudo o que eu vinha fazendo era sentir falta. Tudo o que eu vinha sendo - além de sozinha - pior! - era solitária.
Lembro-me agora: fechei os olhos e perdi-me em simultâneo no tempo. Dessa vez, mantive-me concentrada... que loucura! Meus devaneios sempre implacáveis! Lembranças resgatadas de momentos que se foram... imaginações antes de tudo ingênuas. Iam e vinham, e quando chegavam, me atordoavam.
E como num passe de mágica, elas tornaram-se mais nítidas. Espere!... Não era apenas imaginação.
Eis que surgiu... diante do túnel... perdida? Espere!... não... não podia. Uma miragem?
Não, era real... tinha de ser ela!
Deixei que o cigarro queimasse e rolasse pelos meus dedos compridos e gelados até que caísse no chão.
Eu observava... atônita, sedenta. Eu não poderia estar enganada! Não podia estar! Depois de tanto tempo?
Felicidade... medo... insegurança. Saudade: isso! Era o que eu mais sentia.
O semáforo parado. Ela me deu as costas. Falava no celular... impaciente.
Será?
— Ei... você aí! — chamei em voz alta.
Aproximei-me. Em meio a multidão, minha voz tornou-se inatingível aos seus ouvidos.
Será?
Um virou-se. Outro virou-se e finalmente... sim, era ela! Mas como?
Nunca imaginei que pudesse de novo observá-la tão de perto. Minha nossa! Aqueles olhos... os lábios delicados... nada naquela face serenamente esbranquiçada mudou. Ela estava... estava...
— Atrasada! Muito atrasada! — ela declarou sem ao menos olhar para mim.
— Eu só quero ter certeza... — sussurrei, aproximando-me dela, que se mostrava inquieta.
De imediato ela se virou, encarando-me. Parecia assustada. Imediatamente o celular que segurava encontrou o chão. A bolsa que segurava teria caído se eu não a tivesse segurado.
— O que? Como isso é possível? — fitando-me os olhos, ela enrubesceu.
Céus! Como sentia falta daqueles olhos... daqueles lábios... daquelas mãos delicadas que se mantiveram presas às minhas enquanto segurávamos juntas a alça da bolsa cujo couro vermelho escolhemos em nosso primeiro aniversário de namoro. Como sofri com sua ausência!
— Por onde tem andado todo esse tempo?
Porque sumiu de mim?
— Estive há pouco fora da cidade. — ela esquivou-se, puxando o que lhe pertencia.
Aquele gesto fez-me sentir a pior e mais sombria das sensações, um medo de que ela se perdesse no meio daquele conglomerado e fosse de vez para longe, fugindo completamente do meu alcance... da minha vida.
— O que acha de... você e eu... de repente... conversarmos... Nós poderíamos tentar de novo.
E no lugar daquele olhar que enxera-me sempre de ternura, pude enxergar vagas expressões de angústia.
E antes de virar-se contra mim, ela disse: — Não dá. Não mais.
— Espere... — fechei meu punho em seu braço. Meus olhos tornaram-se turvos, embaçados por um lacrimejar importuno. — Acabou?
Prendi suas mãos nas minhas. Fitei aqueles olhos que pouco a pouco iam revelando-me a verdade que eu não estava pronta para saber, não queria de maneira alguma ouvir, mas que, sob as piores dores, precisava.
Fechei os olhos, inalando o aroma suave que exalava sua pele. Acariciando-a de leve, mirei os olhos que costumavam me observar todas as noites e começava a preparar-me emocionalmente para deixar de uma vez aquele contato desmerecido que eu estava tendo com quem mais soube amar na vida.
— Há muito tempo. — ela disse, tão firme como nunca. Prendeu minha mão e suavemente beijou-a. — Adeus. — e então despediu-se.
Qualquer coisa poderia tê-la impedido de dizer aquilo. Mesmo depois de todas as vezes que a deixei, sim, eu poderia. Mas não sabia disso até aquele momento.
Soltei-a. Perdi a consciência. Senti, como nunca antes, meu coração ser decepado. Uma dor incabível... irrevogável. Não ouvia... quase nada sentia. Simplesmente a seguia com o olhar enquanto se afastava. Indo... indo para longe de mim. E dessa vez, para sempre, talvez, como da última vez.
Para onde eu ia? Não sei dizer.
Ficar parada, completamente refestelada frente a estação ferroviária certamente me parecia uma ótima ideia. Ainda assim, eu tinha a opção de correr, desesperar-me no meio daquela multidão desgovernada que rumava... quase sem rumo pelas ruas sinuosas.
Mas... naquele momento, exatamente naquele momento, eu não queria fazer o mesmo. E eu devaneava enquanto me fazia observar tudo e a todos. Quantas pessoas... e cores... e carros!... Os edifícios começavam a acender suas luzes. Os faróis dos automóveis, os semáforos...outdoors. Tanto brilho! Tudo muito cheio de vivacidade.
Pelas calçadas... os senhores da rudeza; os jovens despreocupados... inconstantes... ora desalentados. Ao meu lado - bem no canto da esquerda -, uma cabine telefônica cujos vidros encontravam-se inteiramente rabiscados; À minha direita, mais a frente, um ponto de táxi bem miúdo. E sob uma banqueta velha, um senhor a me observar. Longinquamente retraído, aparentemente solitário. Não muito diferente de mim.
O que eu fazia ali? Não sei. O que exatamente eu via ali? Não sei. O que eu procurava ali? De novo: não sei.
Não sabia, mas me tornei uma deles. Uma pobre coitada, sem rumo... e naquele momento, sem nada além de um maço de cigarro quase vazio no bolso do jeans apertado que vestia.
Eu também estava vazia. Mas quem iria saber?
Tudo o que eu vinha fazendo era sentir falta. Tudo o que eu vinha sendo - além de sozinha - pior! - era solitária.
Lembro-me agora: fechei os olhos e perdi-me em simultâneo no tempo. Dessa vez, mantive-me concentrada... que loucura! Meus devaneios sempre implacáveis! Lembranças resgatadas de momentos que se foram... imaginações antes de tudo ingênuas. Iam e vinham, e quando chegavam, me atordoavam.
E como num passe de mágica, elas tornaram-se mais nítidas. Espere!... Não era apenas imaginação.
Eis que surgiu... diante do túnel... perdida? Espere!... não... não podia. Uma miragem?
Não, era real... tinha de ser ela!
Deixei que o cigarro queimasse e rolasse pelos meus dedos compridos e gelados até que caísse no chão.
Eu observava... atônita, sedenta. Eu não poderia estar enganada! Não podia estar! Depois de tanto tempo?
Felicidade... medo... insegurança. Saudade: isso! Era o que eu mais sentia.
O semáforo parado. Ela me deu as costas. Falava no celular... impaciente.
Será?
— Ei... você aí! — chamei em voz alta.
Aproximei-me. Em meio a multidão, minha voz tornou-se inatingível aos seus ouvidos.
Será?
Um virou-se. Outro virou-se e finalmente... sim, era ela! Mas como?
Nunca imaginei que pudesse de novo observá-la tão de perto. Minha nossa! Aqueles olhos... os lábios delicados... nada naquela face serenamente esbranquiçada mudou. Ela estava... estava...
— Atrasada! Muito atrasada! — ela declarou sem ao menos olhar para mim.
— Eu só quero ter certeza... — sussurrei, aproximando-me dela, que se mostrava inquieta.
De imediato ela se virou, encarando-me. Parecia assustada. Imediatamente o celular que segurava encontrou o chão. A bolsa que segurava teria caído se eu não a tivesse segurado.
— O que? Como isso é possível? — fitando-me os olhos, ela enrubesceu.
Céus! Como sentia falta daqueles olhos... daqueles lábios... daquelas mãos delicadas que se mantiveram presas às minhas enquanto segurávamos juntas a alça da bolsa cujo couro vermelho escolhemos em nosso primeiro aniversário de namoro. Como sofri com sua ausência!
— Por onde tem andado todo esse tempo?
Porque sumiu de mim?
— Estive há pouco fora da cidade. — ela esquivou-se, puxando o que lhe pertencia.
Aquele gesto fez-me sentir a pior e mais sombria das sensações, um medo de que ela se perdesse no meio daquele conglomerado e fosse de vez para longe, fugindo completamente do meu alcance... da minha vida.
— O que acha de... você e eu... de repente... conversarmos... Nós poderíamos tentar de novo.
E no lugar daquele olhar que enxera-me sempre de ternura, pude enxergar vagas expressões de angústia.
E antes de virar-se contra mim, ela disse: — Não dá. Não mais.
— Espere... — fechei meu punho em seu braço. Meus olhos tornaram-se turvos, embaçados por um lacrimejar importuno. — Acabou?
Prendi suas mãos nas minhas. Fitei aqueles olhos que pouco a pouco iam revelando-me a verdade que eu não estava pronta para saber, não queria de maneira alguma ouvir, mas que, sob as piores dores, precisava.
Fechei os olhos, inalando o aroma suave que exalava sua pele. Acariciando-a de leve, mirei os olhos que costumavam me observar todas as noites e começava a preparar-me emocionalmente para deixar de uma vez aquele contato desmerecido que eu estava tendo com quem mais soube amar na vida.
— Há muito tempo. — ela disse, tão firme como nunca. Prendeu minha mão e suavemente beijou-a. — Adeus. — e então despediu-se.
Qualquer coisa poderia tê-la impedido de dizer aquilo. Mesmo depois de todas as vezes que a deixei, sim, eu poderia. Mas não sabia disso até aquele momento.
Soltei-a. Perdi a consciência. Senti, como nunca antes, meu coração ser decepado. Uma dor incabível... irrevogável. Não ouvia... quase nada sentia. Simplesmente a seguia com o olhar enquanto se afastava. Indo... indo para longe de mim. E dessa vez, para sempre, talvez, como da última vez.
terça-feira, 5 de junho de 2012
Iminência
Todavia, eu espero. Espero pelo que está vindo e também pelo que pode não chegar - é uma forma - bem íntima - que uso para me preparar frente às imprevisões da vida. Isso me poupa das decepções futuras. Mas eu aguardo. Sem pressa me mantenho numa busca incessante pela melhor parte de mim. Numa luta constante comigo contra mim mesma. Eu sinto, a cada passo que dou, é um gosto diferente. Como é doce a felicidade incubada em cada momento e os momentos, quantos! inegavelmente imprescindíveis. Confesso, é agradável.
Não sei se vem, e se vir, não sei quando vai. Por isso aguardo. Sei que meus passos ficaram marcados e provam todos os lugares por onde passei. Sei que o que irá definir a minha caminhada até aqui, não são os obstáculos que surgiram, o que acertei ou os erros que errei, mas sim, a situação em que me encontro: o que aprendi, o que vivi... o que experienciei. Por isso aguardo. E sem pressa, deixo o vento me guiar. Quando der, eu vou. Se não der, eu aguardo.
O desespero é inaceitável quando se vive em um mundo de possibilidades. E nessa de possibilidades, podem existir muitas opções, mas a chance, meu caro... ela é única para todos os momentos. E nessa de achar que as coisas não precisam de tempo para fluir, eu não caio mais.
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