O começo de tudo.

No início... Bem no início de minha caminhada, me fora apresentada uma tal de leitura. Me enrolei em seus sentidos, e debruçada diante de todas as brilhantes maravilhas que me proporcionava, eu me mantive. Quando senti, longinquamente o consciente exigir mais, me ergui e me pus a desbravar um mundo de curiosidades. Tropecei em uma técnica de expressão chamada escrita. Desde então, passei a aderi-la.
Foi quando decidi, obstinadamente, que esta deveria ser o meu refúgio particular. E de lá para cá, confesso, venho realizando descobertas inimagináveis. A prática contínua da escrita, me fez adentrar e conhecer mundos dos mais variados tipos que existem. Só então percebi que não se pode limitar a imaginação. É tudo muito maior do que se parece. E abusando disto que chamo de dom, cheguei à seguinte conclusão: Ler, não é somente adquirir conhecimento; Escrever, é mais do que dar rumo ou designar acontecimentos, é possuir o controle do mundo e ter o poder de fazer deste, o que quiser.

domingo, 17 de fevereiro de 2013

Integridade, por Fábio de Melo


"No meu caminho o abraço é apertado, o aperto de mão é sincero. Por isso, não estranhe a minha maneira de sorrir. Por isso, não estranhe se eu te abraçar bem apertado, mesmo que seja só em pensamento. Se eu me emocionar com a sua história, se eu chorar junto com você. Afinal de contas, somos gente e gente que fez a opção pelo bem. É assim que eu enxergo a vida, e é só assim que eu acredito que valha a pena viver. Viver com emoção, com verdade". 

Por:. Fábio de Melo

Prelúdio: minha estréia no céu


A noite estava até que tranquila - ou devo dizer já madrugada? Se passara das três horas da manhã. O lampião fraco iluminava o livro de pouco mais de duzentas folhas a minha frente. Grilos cantantes, sons de animais noturnos: o preço que se paga por ter escolhido morar fora do mapa. Bem, não foi lá uma escolha feita, mas seria isso ou não ter um lar: fiquei por conveniência. 

Alguns bocejos aqui, umas coçadelas ali e o tic-tac ensurdecedor do relógio soava como canção de ninar, por esta razão, logo começara bambear de sono. As letras começavam a dançar na minha frente, as páginas deveriam estar se movendo sozinhas; os objetos se afileiravam... os móveis também se movendo sozinhos.

Alucinações?
Está escurecendo... escureceu. Está tudo preto. Cadê todo mundo?...

... Tremedeira. Fogo. Muito calor. Calor. Está esfriando agora... Esfriou. Tem um casaco? 
Onde estou?... Cadê todo mundo?...
... Cadê... todo... Cadê todo mundo?
A visão voltava... aos pouquinhos; a luz cintilava menos. Pupilas dilatadas, ombros pesados, respiração entrecortada, pulsando a mil por hora. 

Não deveria ser nada. Hora de ir pra cama.


O livro. Ainda aberto sob a escrivaninha. O lampião, quase apagando. E o fogo? Onde estaria o fogo? Cadê todo mundo?
Na cadeira, o suor desenhara o formato do meu corpo; a luz que me iluminava duraria até eu me deitar. Funcionou. Apagou. 
Tudo escureceu outra vez.

O lençol de seda cobria meu corpo até o pescoço; tremedeiras ao invés de arrepios. A temperatura ambiente dera imediatamente lugar ao mormaço: calor. muito calor. Luzes faiscantes no reflexo da janela. Arrepios me percorrendo lentamente as entranhas. Mais um lençol, por favor? Eu tenho frio.
Agonia dilacerante. 
Foi quando veio a luz. Para onde está me levando? 
Onde eu estou? - clarão - Cadê todo o mundo?