E mesmo depois de tanto tempo fora, nada pareceu ter mudado desde a noite em que nos despedimos através de uma ligação tarde da noite. Combinamos horas antes de minha partida que nos encontraríamos e só então, prometeríamos um ao outro que estenderíamos o nosso laço através do tempo que fosse necessário suportar.
Estou de volta à cidade, e ainda me pergunto o que pode ter acontecido na noite em que você não apareceu. E me pergunto se um dia me perdoaria por não ter podido esperar mais, por não ter querido esperar pelo próximo trem. Talvez você só tenha se atrasado um pouco, não é? Nunca saberei.
E agora sem notícias de você, sem contatos que possa tê-lo acompanhado nesse tempo que estive longe, eu te procuro...
Te procuro nos mesmos lugares que costumávamos ir, até mesmo quando ainda tínhamos muito a resolver, e ainda assim, não nos separávamos. Dávamos um jeito. Não é mesmo? Sempre demos.
Por onde tem andado? Eu cheguei. Estou aqui. Te procurei tanto...
Agora, segure minhas mãos, olhe nos meus olhos e veja o quanto estou diferente... o quanto cresci e envelheci. Foram anos: de desafios, de confidências guardadas, de saudades. Esperava por te contar pessoalmente as muitas batalhas que eu venci e os inúmeros muros que eu mesma derrubei, da mesma forma que combinamos que eu faria enquanto estivesse longe de você. Eu fiz um bom trabalho. E você? O que tem feito? Onde tem ido sem mim? Eu cheguei.
Estou aqui, e agora te vejo, sentado no mesmo banco que costumávamos sentar,
onde o sol brilha forte à sua frente, obrigando-o a manter os olhos
entreabertos. Onde a brisa vem cuidadosa, na mesma direção de sempre,
bagunçar-lhe os fios brancos. Em suas mãos, percebo, as mesmas marcas de luta
das minhas, mas veja: eu cheguei: eu estou aqui. Seu toque, seus olhos... que ternura,
quanta saudade. Acalme a respiração, ouça: não estou indo a lugar nenhum. Veja:
eu cheguei: eu estou aqui, para não mais sair. Eu prometo.