O começo de tudo.

No início... Bem no início de minha caminhada, me fora apresentada uma tal de leitura. Me enrolei em seus sentidos, e debruçada diante de todas as brilhantes maravilhas que me proporcionava, eu me mantive. Quando senti, longinquamente o consciente exigir mais, me ergui e me pus a desbravar um mundo de curiosidades. Tropecei em uma técnica de expressão chamada escrita. Desde então, passei a aderi-la.
Foi quando decidi, obstinadamente, que esta deveria ser o meu refúgio particular. E de lá para cá, confesso, venho realizando descobertas inimagináveis. A prática contínua da escrita, me fez adentrar e conhecer mundos dos mais variados tipos que existem. Só então percebi que não se pode limitar a imaginação. É tudo muito maior do que se parece. E abusando disto que chamo de dom, cheguei à seguinte conclusão: Ler, não é somente adquirir conhecimento; Escrever, é mais do que dar rumo ou designar acontecimentos, é possuir o controle do mundo e ter o poder de fazer deste, o que quiser.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Dó, ré, mi, vida


Um dois três. Lá estava eu, subindo lentamente as escadarias da catedral. Mais quatro etapas de três degraus e o topo seria meu. O sol já se punha, anunciando o cair sossegado da noite. Não fosse pelo soar melancólico do violino no piso à direita, estaria preso ao eco infindo do silêncio. As mãos umedecidas pelo suor que me percorria por inteiro; os lábios ressecados pelo sereno. O ar me faltara quando me puis a atravessar o hall em disparada para a sala de onde a suave melodia estava a me convidar. Ainda de longe reconheci as doces notas altas a serem alcançadas, o choramingo contínuo gravemente a ser prosseguido com o vibrar das cordas do piano enquanto dialogavam em meio a sintonia. 
Rompi a sala, eis que pairara o silêncio. O violino retornava lentamente e lamentava, estridente, choroso. Dara tempo, a voz vinha doce, amiga, e arrancava de mim suspiros, e tirava de mim as desesperanças, e trazia para mim, num ritmo profundo, uma sensação aguda, um perder-se elouquente, um viver intenso, quase como as lamentações do violino ou o protoestar incessante do piano que estiveram a me conduzir sem rumo para fora do eu-sem-música-eu-sem-vida... para fora de mim.