O começo de tudo.

No início... Bem no início de minha caminhada, me fora apresentada uma tal de leitura. Me enrolei em seus sentidos, e debruçada diante de todas as brilhantes maravilhas que me proporcionava, eu me mantive. Quando senti, longinquamente o consciente exigir mais, me ergui e me pus a desbravar um mundo de curiosidades. Tropecei em uma técnica de expressão chamada escrita. Desde então, passei a aderi-la.
Foi quando decidi, obstinadamente, que esta deveria ser o meu refúgio particular. E de lá para cá, confesso, venho realizando descobertas inimagináveis. A prática contínua da escrita, me fez adentrar e conhecer mundos dos mais variados tipos que existem. Só então percebi que não se pode limitar a imaginação. É tudo muito maior do que se parece. E abusando disto que chamo de dom, cheguei à seguinte conclusão: Ler, não é somente adquirir conhecimento; Escrever, é mais do que dar rumo ou designar acontecimentos, é possuir o controle do mundo e ter o poder de fazer deste, o que quiser.

domingo, 26 de agosto de 2012

O rancho das colinas adormecidas


Passava por ai, desolado, sentimental. A estrada revestida com as folhas esvoaçantes, talvez perdidas. Sob o sol que iluminava aquela tarde de primavera, a brisa suave vinha sutil e lentamente acariciar-me a face serena, tranquila e pra lá de iluminada.
Caminho aquele que, percorria muitos e muitos anos seguidos; que conhecia muito melhor do que as fases de minhas circunstâncias. Guiado pela minha própria liberdade e acompanhado por uma solidão costumeira e impremeditada, eu fazia um trajeto há muito decorado.
Chutava uma pedra aqui, outra ali. E lá apanhava uma rosa. Bem me quer, mal me quer; iam-se as pétalas, apostadas em um sonho incerto, um desejo concreto. Bem sabia que viria, não sabia quando. No entanto, não parava nunca. Bem me quer, mal me quer. Prosseguia assim. Com um sorriso e nenhum tostão no bolso. Tão rica essa simplicidade que a vida esbanjava, que ser humano nenhum ousava contrariar.
Aproximava-me dum riacho, cuja extensão rodeava um dos ranchos mais bonitos de todo o pedaço -, instalado num belíssimo e agradável ambiente generosamente arborizado, de onde podia observar nitidamente a donzela mais bela de toda a redondeza.
Nem as rochas cinzas pelos arredores conseguiam cobrir tão primorosa beleza; nem as cristalinas águas escondia tamanha delicadeza. Os cabelos louros percorriam-lhe os ombros nus. A pele branca e brilhante contrastava-se sob os raios do sol; um sorriso doce, tão doce que podia sentir na pele a sua maciez.
Seu olhar acarinhando-me o coração, o fulgor emitido e penetrado em meus poros; o perfume a ser confundido com o aroma suave das rosas, das flores; a textura colorida que a cobria enquanto levava tão descomplicadamente a vida, invadia-me o ser, o consciente. Sua sede de viver enchia-me de um desejo curioso, da vontade de beijar o destino como se a promessa fosse sempre da felicidade absoluta... e quase absurda, como a que eu sentia naquele momento – o que passei a chamar de glória, de sonho, de amor, de viver – e que tornou-se tão rapidamente o meu próprio fundamento de vida quando conheci a donzela do rancho das colinas adormecidas. E se não um amor silencioso, o que era? O que era que por ela eu sentia... silenciosamente?